Avançar para o conteúdo principal

Recuperação judicial é última chance de salvar empresa antes da falência

 

freepik

A descoberta de um rombo nas Lojas Americanas em cerca de R$ 20 bilhões, e que semanas depois foi corrigido para R$ 43 bi, colocou todo o mercado em alerta e inicialmente abalou até mesmo as ações de empresas concorrentes, que ficaram sob a suspeita de que também poderiam apresentar inconsistências em seus balanços financeiros. Mas o verdadeiro temor de investidores, clientes, funcionários e fornecedores das Americanas era com o pior: a decretação da falência de uma das gigantes do mercado varejista no país.

Para alívio dessas pessoas e da própria empresa, há uma carta na manga que pode ser a salvação da companhia. A recuperação judicial já foi aprovada pela Justiça do Rio de Janeiro e segue os trâmites para homologar um acordo com os credores. “A vantagem das Americanas é que a Lei de Falências ganhou uma nova roupagem a partir de 2020, com a Lei 14.112, e isso abre uma nova possibilidade de escapar do desaparecimento”, pontua Kallyde Macedo, advogado do escritório BLJ Diteito & Negócio.

Ele explica que, até antes de 2005, o Código de Processo Civil era ainda mais implacável com as empresas devedoras. Bastava que o montante de suas dívidas superasse o valor dos bens para, mediante uma única ação de um credor, a empresa ser forçada a fechar as portas. “A partir da Lei 11.101/2005, a recuperação judicial foi efetivada, mas ainda assim de forma bastante rigorosa. A empresa apresentava uma proposta de parcelamento das dívidas aos credores. Caso não fosse aceita, a justiça decretava a falência da companhia”, conta o jurista.

Em 2020, a última atualização da Lei de Falências passou então a permitir que, diante da negativa do corpo de credores, fosse aberta a possibilidade de diálogo. “O erro da legislação anterior era que não dava nem mesmo ao credor a oportunidade de apresentar uma contraproposta. A nova lei supera esse obstáculo: se a proposta do devedor não for aprovada, os credores oferecem uma nova opção à empresa”, sustenta Kallyde Macedo. Outro benefício incurso na lei de 2020 é a possibilidade de estender para até 10 anos o prazo para a quitação das dívidas tributárias junto à União, além de ter acesso a linhas de crédito especiais para empresas que estão em recuperação judicial.

“Observando cronologicamente, é notório que a Lei de Falências vem permitindo a abertura de diálogo entre as partes interessadas. Mas há uma contrapartida nessas negociações: o acordo é firmado judicialmente, e a empresa passa a assumir uma responsabilidade com a qual ela não pode faltar. Isso permite exigir que a empresa assuma os compromissos sem estrangular suas contas. Ninguém, nem mesmo os credores, tem interesse na falência.”, esclarece o advogado Kallyde Macedo.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Por que vale a pena aderir à energia solar residencial

Créditos: Freepik Para uma parcela cada vez maior da população brasileira, as contas de luz vão se tornando coisa do passado, e que não vão deixar nenhuma saudade. A dependência exclusiva de energia elétrica fornecida pelas concessionárias, como a Eletrobras, a Cemig ou a Enel, já há alguns anos perdeu força para grandes oportunidades de economia e até de bons negócios. O acesso aos painéis solares, inclusive residenciais, garantem energia mais limpa, mais econômica e até mais flexível. Isto porque o consumidor não precisa restringir sua estrutura aos quilowatts que lhes são necessários, mas instalar uma quantidade superior à demanda e repassar o excedente a outras instalações em seu nome, CPF ou CNPJ. Essa ideia vem transformando a maneira como os brasileiros se relacionam com este mercado, impactando inclusive os novos projetos imobiliários. Tanto que os sistemas de energia de matriz solar vêm crescendo exponencialmente em todo o país. Atualmente, existem mais de 2 milhões de painéis

MOST é reconhecida como um ótimo local para se trabalhar

  Jean Michel, CEO da Most (crédito: Most) Esforço da empresa em manter um ambiente de trabalho cada dia mais saudável oferecendo bem-estar para seus colaboradores foi reconhecido A MOST foi reconhecida como uma das 70 empresas melhores para se trabalhar em 2023. O ranking é do Great Place to Work e levou em conta alguns requisitos, como, confiança dos profissionais em seus gestores, respeito mútuo entre liderança e colaboradores, imparcialidade, orgulho de vestir a camisa da firma, qualidade de vida no ambiente coorporativo, abertura para inovação, salários que condizem com a demanda de trabalho e benefícios trabalhistas, entre outros. Esse é o segundo ano consecutivo que a empresa entra para o ranking. O Great Place to Work é uma fonte de estudo que avalia e reconhece entidades com base em pesquisas de clima organizacional e práticas de gestão de pessoas. O reconhecimento como um "Ótimo Lugar para Trabalhar" reflete o compromisso da MOST em promover um ambiente que garante

Condomínio pode proibir acesso de hóspede do Airbnb?

Freepik   O Airbnb, aplicativo de hospedagens em residências, é um verdadeiro sucesso no Brasil. Já em 2018 eram mais de 3,8 milhões de usuários no país, segundo dados da própria startup. À época, o crescimento na rede de usuários era de nada menos que 71% em relação ao ano anterior. Realmente, para a imensa maioria das pessoas que já usou o app, é uma mão na roda: o usuário fica livre das diárias caras dos hotéis e, de quebra, tem a chance de se hospedar numa residência mobiliada e totalmente à sua disposição pelo tempo que quiser. O custo-benefício, portanto, é bem mais em conta. Mas tem um porém: em casos de condomínios, há moradores fixos preocupados com sua segurança, coisa que nem o Airbnb nem o dono do imóvel podem garantir. O entra-e-sai de pessoas desconhecidas, que usufruem da locação, muitas vezes criam um cenário de medo e de insatisfação entre quem tem o condomínio como residência. Até porque são pessoas que, no máximo, tendem a se preocupar com a disponibilidade do imóvel